tag:blogger.com,1999:blog-34516638339110648952024-02-22T07:45:13.391-08:00A PERSONAGEM HISTÓRICA NAS LITERATURAS HISPÂNICASEspaço de consulta e debate sobre as relações entre Literatura e História na poesia e na prosa (documental, ficcional, ensaística) dos países de língua espanholaMaria A. Silvahttp://www.blogger.com/profile/11857593228416205179noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-3451663833911064895.post-16777582938708629542015-11-15T16:36:00.000-08:002015-11-15T16:36:19.714-08:00Realidade e ficção em El Carnero (Crônica da conquista de Nova Granada)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfBs2M5jGdVRX7Zx-0H7ZfL3ZGN2VnE4YvqN-cqF2NfkO1GDhemJvevwBcHKfJAasqyP6fSU89kkMyJPUvqMjypn2LDRcHJfMZIyem5VM5m9IZRiDKb1LJV85tH5Erg5muVZ2dyppkd2dP/s1600/61Hf7igJcOL._AA324_PIkin4%252CBottomRight%252C-60%252C22_AA346_SH20_OU32_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfBs2M5jGdVRX7Zx-0H7ZfL3ZGN2VnE4YvqN-cqF2NfkO1GDhemJvevwBcHKfJAasqyP6fSU89kkMyJPUvqMjypn2LDRcHJfMZIyem5VM5m9IZRiDKb1LJV85tH5Erg5muVZ2dyppkd2dP/s400/61Hf7igJcOL._AA324_PIkin4%252CBottomRight%252C-60%252C22_AA346_SH20_OU32_.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 19.32px;"><span style="color: #6aa84f; font-size: large;">E</span></b><span style="color: #141823; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 19.32px;">m 2013, quando já havia consolidado a função de revisora / diagramadora / editora dos livros de meu marido Joan Benavent na plataforma Kindle (sugestão que, desde as duas primeiras publicações, em novembro de 2012, não canso de incentivar), imaginei dar igual destino a meus dois livrinhos, projeto que se viu adiado até poucos dias atrás, quando recobrei fôlego e me lancei à tarefa de dar-lhes uma sobre vida virtual.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; line-height: 19.32px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.32px;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Minutos atrás, <i>Realidade e ficção em El Carnero (Crônica da conquista de Nova Granada)</i> passou a ter sua versão ebook Kindle. Foi o primeiro a editar-se nesta plataforma não apenas por uma questão cronológica (foi originalmente minha Dissertação de Mestrado, concluída e defendida em 1984), mas sobretudo porque ainda hoje me inspira um carinho especial, mais do que justificado no Prefácio que acompanha ambas versões, impressa e digital.</span></span></div>
Maria A. Silvahttp://www.blogger.com/profile/11857593228416205179noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3451663833911064895.post-67508447856978083532014-03-15T18:48:00.000-07:002014-03-15T18:48:42.650-07:00O Rei, Don Juan e o Andrógino - Leitura de arquétipos em Terra Nostra, de Carlos Fuentes<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><em><span style="color: #999999;"><strong>Um breve ensaio dos
anos '80, apresentado como aula no curso Temas De Literatura Hispano-Americana
Contemporânea, no Instituto Cultural Brasil-Argentina (Rio de Janeiro),
e publicado na coletânea de mesmo título. A presente versão
corresponde ao texto integral do estudo realizado numa das disciplinas do
Doutorado (Letras-UFRJ, 1986), atualizada de acordo com minha
perspectiva analítica do momento.</strong></span></em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_A9RM9Gq6T9vyw32jlVBazkqc8XfNyalJpzYX1Un625xfMh5pAyJyG3q5TM4uHFLRZWu3DFK95JfvEUJQ7U3jxAV_2bWU9qT7Bxh1AAxdsNIvjoC7Q0oLxgbOHPiGelSN_U3rqOejS7wN/s1600/felipe+II.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_A9RM9Gq6T9vyw32jlVBazkqc8XfNyalJpzYX1Un625xfMh5pAyJyG3q5TM4uHFLRZWu3DFK95JfvEUJQ7U3jxAV_2bWU9qT7Bxh1AAxdsNIvjoC7Q0oLxgbOHPiGelSN_U3rqOejS7wN/s1600/felipe+II.jpg" height="217" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">por</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial;"><em>Maria A. Silva</em></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<em><span style="font-family: Arial;"></span></em> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">INTRODUÇÃO</span></strong></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong><em><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6; font-size: large;">T</span></span></em><em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">erra Nostra</span></em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> é obra singular na carreira literária
de Carlos Fuentes, que deve grande parte de seu sucesso a sua extraordinária
capacidade de concisão e precisão.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Não
seria absurdo aproximá-lo a Borges. Sem dúvida, assim como o colega argentino,
Fuentes revela-se um mestre da narrativa breve. Nada é supérfluo em seus
escritos, nem mesmo em seus contos mais extensos. No entanto, por
estabelecer múltiplas relações intertextuais e simbólicas com referenciais
históricos e culturais, a obra de Fuentes acaba por constituir-se como uma
espécie de "negativo" da criação borgesiana, mais contida em seu
próprio universo imaginativo.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Este
é o caso de <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Terra
Nostra</span></em>, que já foi classificado como o mais ambicioso dos romances
mexicanos.<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[1]</span></span></strong>
Após seis anos de incessante pesquisa e de um trabalho desgastante, foi
finalmente publicado em 1975. <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">"Romance
da memória da imaginação"</span></em>,<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[2]</span></span></strong> é a soma da história
ocidental que, nas palavras de Fuentes, condensa "fábulas, crônicas dessa
terra nossa que nasce no Levante mediterrâneo e termina no planalto
mexicano".<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[3]</span></span></strong> Mas, ainda segundo o autor, trata-se de uma
mesma história em suas possíveis permutações, eco da memória da história
anterior e da que seguirá.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
passado, segundo Fuentes, não é uma categoria fechada, concluída, porque nunca
consegue cumprir totalmente suas possibilidades. Na vasta cenografia invertida
deste romance, por onde circulam personagens de uma intertextualidade pujante -
histórica, mítica e literária -, Fuentes procura a memória do que o mundo
poderia ter sido e não foi.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em
<em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Terra Nostra</span></em>,
Fuentes retoma seus "fantasmas", suas obsessões: a dinâmica
vida-morte-vida, o erotismo sagrado e profano, o jogo dos duplos. Mas é
substancialmente através do agenciamento simbólico que o autor alcança seu
objetivo: a hiperdimensão espaço-temporal. Sendo independente do histórico, o
simbólico <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">"não somente
não o substitui, como tende a arraiga-lo ao real"</span></em>.<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[4]</span></span></strong> O
simbolismo <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">acrescenta</span></em>
um novo valor a um objeto ou a uma ação, sem atentar, por isso, contra seus
valores próprios e imediatos ou "históricos"; ao contrário: ao
aplicar-se a um objeto ou ação, converte-os em fatos "abertos". <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">"Multiplicidade na unidade"</span></em>,
<em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Terra Nostra</span></em> é
uma reescritura da História que perdeu sua imagem: <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">"Imago mundi nova, imago nulla"</span></em>.<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[5]</span></span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong></span><strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">PARA UMA LEITURA DO SIMBÓLICO</span></strong></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong><strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ritmo analógico e imagem arquetípica</span></strong></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span></strong><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em
termos gerais, o símbolo é considerado como uma "condensação expressiva e
precisa" que corresponde, por sua essência, ao mundo interior (intensivo e
qualitativo) em contraposição ao exterior (extensivo e quantitativo) (Diel).<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[6]</span></span></strong>
Mircea Eliade,<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[7]</span></span></strong>
contudo, atribui ao símbolo a missão de abolir os limites do
"fragmento" que é o homem, para integrá-lo em unidades mais amplas,
como a sociedade, a cultura e o universo. Assim, reveste-se o símbolo de uma
qualidade <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">unificadora</span></em>:
permite a passagem e a circulação de um nível a outro, integrando planos (da
realidade) sem fundi-los ou destruí-los, mas sim ordenando-os num sistema. É
justamente nesse parentesco essencial entre um e outro processo, entre um e
outro objeto, enfim, entre um e outro plano da realidade, que o símbolo vê-se
dotado de um <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">ritmo analógico</span></em>.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ao
contrário dos psicólogos - os quais vêem no símbolo uma realidade anímica que
se projeta sobre a natureza -, os orientalistas e os esotéricos fundamentam o
simbolismo na equação inquebrantável <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">macrocosmo </span></em></span><em><span style="font-family: Symbol; mso-ascii-font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Arial; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">»</span></span></em><em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> microcosmo</span></em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">. Com esta mesma base conceitual,
Para Jung, por exemplo, o arquétipo tende a explicar o mundo pelo
homem: não se trata de figuras ou seres objetivos, mas sim de imagens
contidas na alma humana, no inconsciente. Assim considerado, o
arquétipo torna-se, em primeiro lugar, uma <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">epifania</span></em>, o aparecimento do latente através
da visão, do sonho, da fantasia e do mito. Portanto, para Jung, a imagem
arquetípica refere-se aos símbolos universais constantes e eficazes.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Há
um reino intermediário entre a unidade da alma e sua solidão (<strong><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">res cogitans</span></i></strong>) e a
multiplicidade do universo (<strong><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">res
extensa</span></i></strong>) (Descartes)<strong><span style="color: #f6b26b; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="color: #3d85c6;">[8]</span></span></strong> e esse reino é a representação do mundo na
alma e da alma no mundo: o "lugar" do ´simbólico nas vias preparadas
dos arquétipos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong>Conjunções e disjunções</strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong></strong></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O agenciamento simbólico em <em>Terra Nostra</em> opera-se essencialmente a partir do eixo <em>macrocosmo = microcosmo</em>. Para reescrever a História ocidental, Fuentes amplia o espaço restrito (geo-cultural) - o <strong><em>Mare Nostrum</em></strong> -, alterando, concomitantemente, a dimensão temporal.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Felipe II é a Espanha cristã em seu Absolutismo político e religioso: a vida anseia pela morte. Do outro lado, o Novo Mundo, o Paraíso a ser recuperado: o mundo pré-hispânico com seus mitos e rituais, um mundo de crenças e costumes que logo seria corrompido pela "malícia" da lei e pelo exacerbado individualismo espanhol; mudo que, pela morte, mantém a vida.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O "Outro mundo" - terceira parte do romance - é a síntese. Para ele convergem todos os símbolos e arquétipos disseminados nas duas primeiras partes da obra. O número 3 é, por si só, altamente simbólico: apresenta a síntese espiritual, ao mesmo tempo fórmula de cada um dos mundos criados e resolução do conjunto instaurado pelo dualismo.<strong><span style="color: #3d85c6;">[9]</span></strong> Hemiciclo: nascimento, zênite, ocaso. Neste agenciamento destacam-se três arquétipos que, renovando simbolicamente suas raízes históricas, antropológicas e literárias, se inter-relacionam e, por vezes, se equivalem: o Rei, Don Juan e o Andrógino.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong>O Rei</strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong></strong></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O Felipe II que nos apresenta Fuentes em <em>Terra Nostra</em> funde todas as percepções históricas que se formaram em torno da enigmática figura do monarca espanhol. Filho de Carlos I e Isabel de Portugal, já aos dezesseis anos Felipe recordava muito a seu pai fisicamente: baixo, de compleição delicada, cabelos e barba louros, rosto de cor fria e pálida, grandes olhos azuis, nariz retilíneo e lábios demasiadamente grossos; o inferior, assim como a mandíbula, levava a marca originária dos Habsburgo. Vestia-se com simplicidade e, a partir de 1568 - ano do falecimento de seu primogênito -, passaria a ser visto invariavelmente de negro. Para uns, <em>"Braço Direito da Cristandade"</em>, rei justo, que procurava depositar os encargos do governo em mãos de pessoas idôneas e fugir do favoritismo, vivendo com grande humildade. Para outros -estrangeiros, principalmente -, o <em>"Demônio do Meio-Dia"</em>, político déspota, tétrico, fanático. Era laborioso, sem dúvida, mas também pessimista e desconfiado. Pelo cuidado e a lentidão com que examinava os assuntos do reino, recebeu de seus contemporâneos o epíteto de <em>Prudente</em>. Porém, sua irresolução nos temas mais graves ocasionavam atrasos que favoreciam a seus inimigos.<strong><span style="color: #3d85c6;">[10]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Segundo Cirlot,<strong><span style="color: #3d85c6;">[11]</span></strong> o Rei simboliza, no sentido mais abstrato e geral, o homem universal arquetípico. Surge como princípio reinante ou reitor, a consciência suprema, a virtude do juízo e do autodomínio. Associa-se à imortalidade e aos heróis, mantendo, ainda, traços de pai e messias.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em <em>Terra Nostra</em>, o arquétipo-Rei surge através de um agenciamento simbólico negativo. Felipe encarna o "Rei doente" - de <em>Parsifal</em> -,<strong><span style="color: #3d85c6;">[12]</span></strong> o herói afetado pela esterilidade espiritual.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Encerrado no Escorial como Astério (o Minotauro) em seu labirinto, Felipe percorre, na verdade, os meandros de seu "palácio interior", repleto de câmaras secretas (inconsciente). Enquanto centro recôndito, o palácio representa o <em>motor imóvel</em>, o avanço-retrocesso que, afinal, caracteriza a personalidade do monarca. Felipe se configura como a estaticidade que anseia por se transformar em <em><strong>moto continuo</strong></em>. A escada que manda construir - eternamente inconclusa - acena à possibilidade de ascensão: subir, para Felipe, poderia significar um processo espiritual e evolutivo, a ruptura de nível que permitiria a superação da passividade e a germinação da <em>virtude</em>.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">No entanto, depara-se com o espelho:<strong><span style="color: #3d85c6;">[13]</span></strong> autocontemplação (Narciso), mas também reflexo do universo (Eco); símbolo da imaginação, mas, ao mesmo tempo, da consciência.<strong><span style="color: #3d85c6;">[14]</span></strong> A simbologia do espelho é ambivalente: reproduz imagens mas, igualmente, de certa forma, as contém e absorve, na dialética <em>espelho-ausente / espelho-ocupado</em>. É símbolo da multiplicidade da alma, da mobilidade e da adaptação. Contudo, a subida revela a Felipe um percurso inverso: uma viagem <em>"a la semilla"</em>, onde morte e vida se fundem.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em seu espelho e fora dele, Felipe se opõe ao Cristo do quadro italiano, de <em>"ojos sensuales" </em>que <em>"miran a los hombres desnudos y miran demasiado bajo"</em> (p. 90). No quadro, <em>"falta algo y sobra algo"</em>: a cabeça não está circundada pelo halo tradicional e os olhos não olham para o céu, apesar de <em>"la mano admonitoria y el dedo índice"</em> apontarem nesta direção.<strong><span style="color: #3d85c6;">[15]</span></strong> Para Felipe, o Cristo do quadro é mais humano do que deveria ser. Obcecado pelas ideias de pecado e mortificação, não consegue compreender essa imagem sagrada incrustrada no profano. Transformado num homem comum, o Messias encontra-se inserido numa paródia do Paraíso - a praça e o jardim - e não na cruz - derivação dramática, inversão da árvore da vida paradisíaca, em seu sentido agônico de luta e de instrumento de martírio -, esse mesmo sinal que Felipe leva inscrito na roupa que lhe cobre o corpo, estigma de purgação. O Cristo do quadro, em sua atitude ambígua, relega a outro plano as aspirações divinas para alcançar, pelo corpo, a graça espiritual. Esse Cristo <em>"sin luz"</em> e <em>"sin aureola"</em> indica que o Céu é uma abstração inútil.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong>Don Juan</strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em <em>Terra Nostra </em>acentua-se o traço rebelde do arquétipo donjuanesco: o "amante insaciável" que se entrega aos prazeres do corpo, rompendo regras de conduta, assemelha-se ao Cristo-homem do quadro italiano, visto por Felipe não como o "filho de Deus", mas sim como "incitador político" e "revolucionário".</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O Don Juan de Fuentes constitui-se como versão do mito edipiano: nasce da Rainha, sua própria amante. Ao contemplar-se no escuro mármore-espelho (como as turvas e sombrias águas das profundezas abissais), o jovem que havia sido antes encontra uma imagem de mulher. Don Juan nasce do reflexo de uma revolta: a da Rainha, aprisionada no molde de conveniências e preconceitos de uma sociedade que entendeu como máximo pecado o da carne.<strong><span style="color: #3d85c6;">[16]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Rei e Rainha, juntos, formam a imagem perfeita da hierogamia, da união do céu e da terra; conjunção espiritual que se produz, no dinal do processo de individuação, pela união harmoniosa da consciência e do inconsciente. Felipe, aferrado a um absolutismo que extrapola a dimensão política, instaurando-se, impiedosamente, em sua vida particular, isola-se da companheira. Isabel não poderia ser sua amante, por imposições morais; porém, não consegue nem mesmo ser apenas sua esposa: nem seus corpos nem suas almas se fundem. Ambos emanam esterilidade.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A rainha sonha com o Novo Mundo enquanto possibilidade de liberação, essa mesma liberação que seu Don Juan faz desabrochar em cada novo corpo tocado. Don Juan é a multiplicidade que se opõe à unidade centralizadora, se esta se desenha como opressora e castradora (o Absolutismo / Poder, a Igreja / Religião cristã).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Felipe debate-se entre os dogmas cristãos e as seitas adamitas, as quais, em suas orgias eucarísticas, transformam cada corpo em altar de Cristo e cada junção carnal em comunhão salvadora (p. 93). Entre esses dois pólos, ecoam as palavras de Ludovico:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><em>"Si alguien dice que la formación del cuerpo humano es obra del demonio y que las concepciones en los senos maternos son producto del trabajo diabólico, anatema, anatema, anatema sea" </em>(p. 89)</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Don Juan é o "anjo-demônio": sobrevive como consciência acusadora dentro do subconsciente do culpado.<strong><span style="color: #3d85c6;">[17]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong>O Andrógino</strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Segundo Platão, na androginia o homem revela-se como figura esférica, como fórmula da totalidade. O andrógino integra todos os pares de opostos, todos os contrários. Representa a junção não apenas de dois sexos, mas também de duas personalidades. É o ponto no qual se anula a dualização:onde Geminis - o duplo separado, como no espelho - se torna Rebis - a fusão do duplo.<strong><span style="color: #3d85c6;">[18]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O andrógino se associa, em <em>Terra Nostra</em>, ao mito do nascimento. Na verdade, é bem do que isso: é parte integrante de um fusionismo múltiplo. Em 31 de dezembro de 1999, o mito escatológico é também cosmogônico. O frio sol que passa a brilhar nos céus de Paris revela a passagem do elemento masculino a feminino - o sol é agora como a lua -, o que representa a volta às origens, ao início primordial.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A união sexual de Polo e Celestina é a legitimação do prazer, que anula a repressão política e religiosa - <em>"No sonaron doce campanadas en las iglesias de París [...]" </em>(p. 783). Com eles reescreve-se o Gênesis: nesta nova história do mundo, a serpente deixa de simbolizar as tentações, a sedução da força pela matéria, para refletir a sabedoria abissal, a força vital que regula os nascimentos e renascimentos, a fonte da vida e da imortalidade.<strong><span style="color: #3d85c6;">[19]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A Celestina-Eva - a <em>"puta vieja"</em> primordial - liberta-se do estigma bíblico que a condenou a ser vista como o caminho, sinuoso como a serpente, por onde desliza o mal. O andrógino nascido da fusão de Polo-Celestina é a esperança do começo de um novo mundo, do qual Paris - amálgama de culturas, <em>"fuente de toda sabiduría y manantial de las escrituras divinas"</em> - é a forma embrionária.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Paródia demoníaca donjuanesca do casamento,<strong><span style="color: #3d85c6;">[20]</span></strong> o hermafroditismo de Polo-Celestina oferece a imagem erótica da dinâmica a morte-vida <em>"como um lujo inagotable y devorador" </em>(p. 79)</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></strong> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">CONCLUSÕES</span></strong></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Para Fuentes, <em>Terra Nostra</em> não é apenas a reescritura de uma História em suas possíveis permutações, mas também um feixe de opções narrativas que ocorrem dentro de um campo de possibilidades: o romance, como sistema de forças recíprocas e não como centro de uma casualidade narrativa.<strong><span style="color: #3d85c6;">[21]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Pertinente, aqui, o símbolo-máscara: a ambiguidade do que se produz no momento em que algo se modifica, transformando-a em outra coisa, sem deixar de ser o que era. Sob cada máscara opera-se uma transfiguração.<strong><span style="color: #3d85c6;">[22]</span></strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Uma <em>"tela o una máscara de plumas rojas, amarillas, verdes, azules; y en el lugar de la boca, un círculo de arañas"</em></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> (p. 27); <em>"um círculo negro irradiando de él</em></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> zonas de diversos colores" (´p. 98). A aranha e sua capacidade criadora, destruindo e construindo um centro num sacrifício contínuo, que enovela uma vida antiga para fiar outra nova: inversão e equilíbrio.<span style="color: #3d85c6;"><strong>[23]</strong></span> É este, afinal, o percurso inesgotável de toda a obra de Carlos Fuentes.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">BIBLIOGRAFIA</span></strong></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial;"></span></strong> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">CIRLOT, Juan-Eduardo. <em>Diccionario de símbolos.</em> Trad. Ruben Eduardo Ferreira Frias. São Paulo, Moraes, 1984</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">FRYE, Northrop. <em>Anatomia da crítica. </em>Trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo, Cultrix, 1973</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">FUENTES, Carlos. <em>Terra mostra.</em> 1 ed. Madrid, Seix Barral, 1977.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">GARCÍA FLORES, Margarita. Carlos Fuentes anuncia el futuro. <em>La onda.</em> Xerox sem indicação de imprenta.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">SAENZ-ALONSO, Mercedes. <em>Don Juan y el donjuanismo.</em> Madrid, Guadarrama, 1969</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">TERRERO, José. <em>Historia de España.</em> Barcelona, Sopena, 1977</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong></strong></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong>NOTAS</strong></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[1]</span> </strong>GARCÍA FLORES</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[2]</span></strong> <em>Ibidem</em></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<em><span style="font-family: Arial;"></span></em> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[3]</span></strong> <em>Ibidem</em></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[4]</span></strong> CIRLOT, J.E. (1984), Simbolismo e historicidade, p. 11</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[5]</span></strong> <em>Ibidem</em>, p. 10</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[6]</span></strong> <em>Ibidem</em>, Noções sobre os símbolos, p. 25</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[7]</span></strong> <em>Ibidem</em>, p. 27</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[8]</span></strong> <em>Ibidem</em>, p. 31</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[9]</span></strong> <em>Ibidem</em>, p. 413</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><span style="color: #3d85c6;"><strong>[10]</strong></span> TERRERO, J. (1977), Reinado de Felipe II, p. 267-268</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[11]</span></strong> CIRLOT, J.-E. (1984), p. 493-494</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[12]</span></strong> Ibidem, p. 494</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[13]</span></strong> Paralelismo com o mito de Quetzalcóatl presente na peça teatral <em>Todos los gatos son pardos</em>, publicada pelo autor em 1970. Cfr. minha análise em <a href="http://visamericas.blogspot.com.br/2014/03/o-sentimento-tragico-de-ser-mexicano_11.html">http://visamericas.blogspot.com.br/2014/03/o-sentimento-tragico-de-ser-mexicano_11.html</a>.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[14]</span></strong> Ibidem, p. 239</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><strong><span style="color: #3d85c6;">[15]</span> </strong>O mosaico da catedral de Orvieto, intitulado "O Batismo de Cristo", parece ser este "quadro" repetidas vezes mencionado no romance.</span></div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span> </div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR_ZO6ld6lhWMoMWX5VQFILkCObdoULtfWb4ggIDDQnMGdHmBcA_w1VHJ6p9ADCVpd7Q_6GEyNNXmYorfbQauHNBm5KsobAknDuNh5m2ep_stNqPdggCFGYEo5Gj8wkO4uMIi3nveNPzbV/s1600/bautismo+de+Jes%C3%BAs_dueomo_Orvieto_recorte.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR_ZO6ld6lhWMoMWX5VQFILkCObdoULtfWb4ggIDDQnMGdHmBcA_w1VHJ6p9ADCVpd7Q_6GEyNNXmYorfbQauHNBm5KsobAknDuNh5m2ep_stNqPdggCFGYEo5Gj8wkO4uMIi3nveNPzbV/s1600/bautismo+de+Jes%C3%BAs_dueomo_Orvieto_recorte.jpg" height="225" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Duomo da Catedral de Orvieto</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Batismo de Cristo</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Contudo, nele nenhuma das mãos de Jesus aparece com o dedo erguido, em atitude admoestatória, como afirma o trecho da obra aqui citado. Inclino-me a acreditar que Fuentes, em outro de seus jogos intertextuais, tenha associado esta imagem a outra, de um dos quadros do pintor italiano Bartolomeo Cavarozzi, que colaborou na decoração do Escorial em 1617. Neste sim, um Cristo sensual simula o gesto de assinalar o Céu, sinal tradicionalmente presente em suas representações pictóricas.</span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><div style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-wkA1KMN-52aihPKbDaR8qAw99LD6kDab89IeQuLkwzCU_DosqYak-zN4mlyV06yrkfvzZu_MlRDr9KSM6msbjYtr_OMrf8hdoCZKbzFdOxdkuFQwrylNHwEd5Rxp-juuC7EmUDiWoPnA/s1600/Cristo+en+Ema%C3%BAs_Bartolomeo+Cavarozzi.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-wkA1KMN-52aihPKbDaR8qAw99LD6kDab89IeQuLkwzCU_DosqYak-zN4mlyV06yrkfvzZu_MlRDr9KSM6msbjYtr_OMrf8hdoCZKbzFdOxdkuFQwrylNHwEd5Rxp-juuC7EmUDiWoPnA/s1600/Cristo+en+Ema%C3%BAs_Bartolomeo+Cavarozzi.png" height="229" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ceia em Emaús, por Bartolomeo Cavarozzi</td></tr>
</tbody></table>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por último, cabe-me ainda associar a menção a um terceiro quadro: o "Cristo Abençoando", de Rafael Sanzio, da escola florentina, no qual a languidez do homem-Jesus transborda sensualidade em seu grau mais elevado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Om2vtGIZFxbBEpqBvyBT8pFi6kfps_NssmMJCBY07SkWPsX89SmPigTMbOZt6siMQxFMJbWX7kQ2Qz1SgAFIFRwdcmCh16koDbxI4MKSf1nUAR1GNspYt6BAuO3lzTnQ1S7fvwhj7X2t/s1600/Cristo+Benedicente_Rafael+Sanzio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Om2vtGIZFxbBEpqBvyBT8pFi6kfps_NssmMJCBY07SkWPsX89SmPigTMbOZt6siMQxFMJbWX7kQ2Qz1SgAFIFRwdcmCh16koDbxI4MKSf1nUAR1GNspYt6BAuO3lzTnQ1S7fvwhj7X2t/s1600/Cristo+Benedicente_Rafael+Sanzio.jpg" height="320" width="255" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Cristo Abençoando, por Rafael Sânzio</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[16]</span></strong> SAENZ-ALONSO, M. (1969), Psicología española de Don Juan, p. 47</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[17]</span></strong> Ibidem, "El ángel del demônio", de Suzanne Lilar, p. 220</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><span style="color: #3d85c6;"><strong>[18]</strong></span> CIRLOT, J.-E. (1984), p. 76</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[19]</span></strong> Ibidem, p. 521-522</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[20]</span></strong> FRYE, N. (1973), Teoria do sentido arquetípico (2): Imagens demoníacas, p. 150</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[21]</span></strong> GARCÍA FLORES</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[22]</span></strong> CIRLOT, J.-E. (1984), p. 375</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><strong><span style="color: #3d85c6;">[23]</span></strong> Ibidem, p. 91.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Maria A. Silvahttp://www.blogger.com/profile/11857593228416205179noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3451663833911064895.post-59754628995543345592010-11-07T18:09:00.000-08:002011-02-21T15:45:20.614-08:00Por enquanto...<div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Até que as postagens de matérias inéditas tenham início, ofereço aos visitantes deste blog a versão completa de minha dissertação de Mestrado, intitulada <em>Realidade e ficção em <strong>El Carnero</strong></em>, publicada em 1995. Apesar do intervalo considerável desde a defesa, realizada em agosto de 1984, a publicação nos Cadernos Monográficos SEPEHA no. 3 manteve a integridade do texto original, com alguns acréscimos teóricos (sub-capítulo <strong>Constituição morfológica das historietas: algumas questões controversas)</strong>, mas também algumas reduções das citações, a fim de tornar a leitura mais agradável, amenizando o tom acadêmico da análise de uma das criações literárias mais originais do período colonial hispano-americano. Por tratar-se de uma obra que funde historiografia e ficção de forma singular, considero oportuno dedicar-lhe espaço especial nestas páginas.</span></div>Maria A. Silvahttp://www.blogger.com/profile/11857593228416205179noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3451663833911064895.post-83271121392699651662008-08-20T11:21:00.001-07:002008-08-20T11:21:26.357-07:00Blog em construção. Aguarde!Maria A. Silvahttp://www.blogger.com/profile/11857593228416205179noreply@blogger.com0